tag:blogger.com,1999:blog-4035876906023746132024-02-07T02:22:46.445-03:00Amo PortuguêsDicas essenciais para quem ama escrever bem.Rafael B. Duartehttp://www.blogger.com/profile/14895360434666792091noreply@blogger.comBlogger16125tag:blogger.com,1999:blog-403587690602374613.post-84153198352349666672019-11-22T10:47:00.000-03:002019-11-22T10:47:52.652-03:00Você sabe usar as aspas numa redação?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv0fzjs_8Ja6FGyDViS0V2CXC5BW8htLvgJhfFcwZtjZ3AH9_3t1EvzdAfGfUkUxMoGwq17KLIS_ykMuOFjZWWZoTnvnHP2J0-7irHvOiQbpFDyMRrGBGjfFne7n44q4QLz87B6TgDT9A/s1600/einstein-citacao.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1444" data-original-width="1600" height="288" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv0fzjs_8Ja6FGyDViS0V2CXC5BW8htLvgJhfFcwZtjZ3AH9_3t1EvzdAfGfUkUxMoGwq17KLIS_ykMuOFjZWWZoTnvnHP2J0-7irHvOiQbpFDyMRrGBGjfFne7n44q4QLz87B6TgDT9A/s320/einstein-citacao.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
Corrigir redações permite que eu observe os erros mais comuns que os alunos cometem e que são inadmissíveis num exame. Pretendo começar uma série de postagens que evidenciam esses erros para que os alunos o evitem. Não vou falar de coisas banais, como erros ortográficos ou vícios comuns de linguagem. Pretendo evidenciar falhas que são pouco conhecidas e discutidas, mas que podem prejudicar o candidato na hora da prova.</div>
<div style="text-align: left;">
O primeiro desses casos é o uso das aspas. Você sabe para que ela pode ser usada? E em que casos ela é aceitável num texto expositivo-argumentativo, isto é, numa dissertação, que é o gênero mais cobrado nos exames de admissão?</div>
<div style="text-align: left;">
As aspas podem ser usadas nos seguintes casos:</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<b>IRONIA</b></div>
<div style="text-align: left;">
Caso que <u>jamais</u> deve ser usado num vestibular ou concurso. É quando você diz uma coisa querendo dizer o contrário. <span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i>A política de inclusão social daquele governo era “sensacional.”</i></span> Lembre-se de que a dissertação é um texto técnico e sua linguagem é conotativa, portanto, uma ironia, que é uma figura de estilo típica de textos literários, não é adequada.</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<b>NEOLOGISMOS, GÍRIAS OU REGIONALISMOS</b></div>
<div style="text-align: left;">
Use-as com cuidado, de preferência se a expressão não for criação ou fala do próprio candidato. <span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i>No mundo dos “gamers”, um novato é chamado de “newbie.” </i></span>Perceba que aqui os termos têm a função de explicar ao leitor os significados das gírias, portanto elas são aceitáveis, desde que entre aspas.</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<b>CITAÇÕES</b></div>
<div style="text-align: left;">
Use com tranquilidade, aqui não tem como errar. Sempre que citar uma fala, um slogan, um lema, uma música, use as aspas se a transcrição for literal. Mas não as use se seu discurso for indireto. Vejamos os dois casos. <span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i>“A imaginação é mais importante que o conhecimento”, disse Albert Einstein.</i></span> Ora, se a citação transcreve palavra por palavra como foi dito por Einstein, então deve estar entre aspas. <span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i>Paulo Freire já nos alertava que, mais do que transmitir conhecimentos, a educação deveria criar possibilidades para sua construção. </i></span>Aqui o candidato cita, com suas próprias palavras, o que disse o autor da ideia, portanto não se deve usar aspas.</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<b>TÍTULOS (DE OBRAS)</b></div>
<div style="text-align: left;">
Sempre que citar um livro, uma música, um filme, enfim, um trabalho que tenha um nome, essa obra deve aparecer entre aspas. <span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i>A estátua “Davi”, de Michelângelo, é uma dos mais belos exemplos de perfeição artística. </i></span></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<b>MARCAS DE ORALIDADE E PESSOALIDADE</b></div>
<div style="text-align: left;">
Esse é um caso que tenho visto com frequência em redações e o principal motivo de eu ter criado este artigo. As marcas de oralidade e pessoalidade são condenáveis numa dissertação. Esse gênero pede um texto impessoal, portanto é inadmissível que o aluno use frases como: <span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i>Se você se distrai, pode sofrer um acidente.</i></span> Numa conversa, ou seja, na linguagem falada, o uso de “você” é perfeitamente normal e o interlocutor sabe que essa palavra significa “alguém”. Mas numa redação esse recurso não pode ser usado. Em lugar disso, deve-se escrever algo como: <span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i>Quando o indivíduo se distrai, pode sofrer um acidente. </i></span>No entanto é frequente que o aluno use as aspas para tentar mascarar algumas dessas marcas, tentando fazê-las se passar por neologismos, gírias ou regionalismos. Duplo erro: o examinador saberá ver a diferença e a redação perderá pontos pelo uso indevido das aspas e das marcas de oralidade ou pessoalidade. <span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i>Segundo Nietzsche, as pessoas estão cada vez mais “virando de costas”, ou seja, ignorando o mundo real para defender sua verdade absoluta.</i></span> Nesse exemplo, o autor mencionado não usou essas palavras, portanto não é uma citação. O aluno tentou usar suas próprias palavras para resumir a ideia de uma forma mais acessível, isto é, usou uma expressão popular que pode ser entendida como uma gíria ou regionalismo. O problema é que essa expressão é do autor da redação, não de Nietzsche. Nisso, dois erros foram cometidos: a marca de oralidade e o uso indevido das aspas. O que mais entristece o professor é ver que o trecho poderia simplesmente ser suprimido, já que o aluno explica depois o que quis dizer: <span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i>Segundo Nietzsche, as pessoas estão cada vez mais ignorando o mundo real para defender sua verdade absoluta.</i></span></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
Resumindo…</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
</div>
<ul>
<li>Ironia – Nunca use numa dissertação, com ou sem aspas.</li>
<li>Neologismos, gírias ou regionalismos – Use, com aspas, quando não for invenção sua.</li>
<li>Citações – Use aspas se for reproduzida literalmente, não as use se for adaptada (com suas palavras).</li>
<li>Títulos (de obras) – Sempre use aspas para mencionar o nome de uma obra.</li>
<li>Marcas de oralidade e pessoalidade – Não as use, com ou sem aspas.</li>
</ul>
<br />
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
Só lembrando que essas orientações se aplicam aos textos dissertativos, que são textos técnicos, impessoais. Se a prova lhe pedir uma crônica ou um conto, as regras são outras, pois esses gêneros são menos “engessados”, o que dá maior liberdade criativa ao candidato.</div>
<div style="text-align: left;">
Uma boa redação para você.</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
Rafael B. Duartehttp://www.blogger.com/profile/14895360434666792091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-403587690602374613.post-6984464775776683402018-09-20T18:35:00.000-03:002018-09-20T18:35:21.781-03:00Regência verbal com pronomes relativos<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Regência
verbal é o tipo de assunto que, num estudo superficial, parece simples.
Analisado mais a fundo, no entanto, prega muitas peças. Um caso específico em
que o aluno acaba por se confundir quando redige uma dissertação é a combinação
de regência verbal com o pronome relativo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3pIcybT4xQf5Udv4tna-OzuPbMf0SWnkKHxnyeJdHdAXSOorKbSoz-aI0DsN2NNhm5hjjhOoPHTnO1Q87uHqL-Gnty41COR7WPMlh_rMIS_3ZHQ__3amdDlVlsn49EFy9hZRFxkO5CHU/s1600/lion-565818.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3pIcybT4xQf5Udv4tna-OzuPbMf0SWnkKHxnyeJdHdAXSOorKbSoz-aI0DsN2NNhm5hjjhOoPHTnO1Q87uHqL-Gnty41COR7WPMlh_rMIS_3ZHQ__3amdDlVlsn49EFy9hZRFxkO5CHU/s400/lion-565818.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Já falei
disso num outro <a href="http://amo-portugues.blogspot.com/2017/03/chorando-se-foi-regencia-verbal.html" target="_blank">artigo</a>, mas vou tentar detalhar mais e facilitar para você que
está prestando vestibular.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
A linguagem
falada parece indicar que o pronome relativo nunca exige complemento.
Parece-nos até feio usar a regência correta quando estamos conversando. Talvez a
regência correta dê um ar pedante à fala, como qualquer fala muito correta. Mas
devemos lembrar que na redação é exigido o domínio da norma culta, então
precisamos nos desfazer desse preconceito linguístico às avessas e prestar mais
atenção à regra.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Não há dúvida
de que o verbo gostar requer o uso da preposição “de”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Paulinho gosta daquela menina. (daquela =
de + aquela)<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>José gosta de
chocolate.</b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Gostei do seu penteado. (do = de + o)<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Por que,
então, quando o pronome relativo é introduzido na equação, os candidatos se
esquecem de usar a preposição “de”?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Aquela é a menina que o Paulinho gosta.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">O que José gosta?<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Em todas
essas orações o “de” foi subtraído. Na sua redação não abra mão dele. Essas
frases estão erradas, a regência foi violada, e você perderá pontos se as
escrever assim. Antes, prefira a forma correta:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Aquela é a menina DE que o Paulinho gosta.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">DO que José gosta?<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Não vem ao
caso discutir aqui o porquê desse fenômeno. Na redação isso é considerado erro,
não é aceito, e ponto final. Vejamos outros casos de regência verbal que também
acabam se corrompendo na presença do pronome relativo. Tentarei exemplificar
com frases bastante corriqueiras, do tipo que se ouve todo dia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Errado:<span style="mso-tab-count: 2;"> </span>O
restaurante que eu fui servia comida chinesa.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Certo:<span style="mso-tab-count: 2;"> </span>O
restaurante A que eu fui servia comida chinesa.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Errado:<span style="mso-tab-count: 2;"> </span>Na
rua que eu moro tem uma casa abandonada.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Certo:<span style="mso-tab-count: 2;"> </span>Na
rua EM que eu moro tem uma casa abandonada.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Errado:<span style="mso-tab-count: 2;"> </span>Era
bom o filme que eu assisti.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Certo:<span style="mso-tab-count: 2;"> </span>Era
bom o filme A que eu assisti.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Errado:<span style="mso-tab-count: 2;"> </span>Eis
aqui uma pessoa que eu confio.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Certo:<span style="mso-tab-count: 2;"> </span>Eis
aqui uma pessoa EM que eu confio.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Errado:<span style="mso-tab-count: 2;"> </span>O
amigo cuja casa ele foi, ficou doente.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Certo:<span style="mso-tab-count: 2;"> </span>O
amigo A cuja casa ele foi, ficou doente.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Errado:<span style="mso-tab-count: 2;"> </span>Esse
é o livro o qual te falei.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Certo:<span style="mso-tab-count: 2;"> </span>Esse
é o livro DO qual te falei.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Agora, como
saber que é preciso corrigir a regência nessas frases? No cotidiano fala-se
desse jeito, o aluno está acostumado a falar assim, parece-lhe certo escrever
também dessa forma.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O truque é
desconstruir a frase para nos certificarmos da regência. Para saber se aquela é
a menina que Paulinho gosta ou de que o Paulinho gosta, é só separarmos a frase
em duas, eliminando o pronome relativo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">“Aquela é a menina DE que o Paulinho
gosta.” porque “Paulinho gosta DAQUELA (de + aquela) menina”.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">“Quero saber DO (de + o) que José gosta”
porque “José deve gostar DE alguma coisa.”<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Então, da
mesma forma, podemos analisar os exemplos subsequentes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Eu fui AO (a + o) restaurante.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Eu moro NA (em + a) rua.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Eu assisti AO (a + o) filme.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Eu confio NA (em + a) pessoa.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Ale foi À (a + a) casa do amigo.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Falei-te DO (de + o) livro.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Como se pode
ver, não é difícil, desde que a regência do verbo utilizado seja conhecida.
Nesse caso, é apenas uma questão de atenção e de prática.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Abraço
fraternal do Professor Rafael.<o:p></o:p></div>
<br />Rafael B. Duartehttp://www.blogger.com/profile/14895360434666792091noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-403587690602374613.post-46447662480312562572018-09-13T20:25:00.000-03:002018-09-13T20:25:23.676-03:00Redação - Marcas de Oralidade<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Com as
proximidades dos exames vestibulares, vou começar uma série de postagens com
dicas e alertas que devem beneficiar os candidatos a uma vaga na universidade. <span style="text-indent: 35.45pt;">Tenho
corrigido muitas redações e pretendo apontar os erros mais frequentes cometidos
pelos alunos. </span><span style="text-indent: 35.45pt;">O primeiro
desses erros é o uso de marcas de oralidade. É um tema amplo, pois há várias
formas de cometê-lo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Uma
introdução.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR14h8Xx4QymxTSgo3RoW3oYVXnUA1hbrKajQgkr99E9ydy2bF-iP92NPp-dRiMW7XtFrOop_XivoT43nSFsaDl-sv9Yl3doLFq8BxaNvA3f9ieddxoqmK79EnI1HjTBQ6cBYYfICiyYc/s1600/speak-238488.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR14h8Xx4QymxTSgo3RoW3oYVXnUA1hbrKajQgkr99E9ydy2bF-iP92NPp-dRiMW7XtFrOop_XivoT43nSFsaDl-sv9Yl3doLFq8BxaNvA3f9ieddxoqmK79EnI1HjTBQ6cBYYfICiyYc/s400/speak-238488.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
A linguagem
escrita não é a mesma que a linguagem falada. Um texto escrito é muito
diferente de uma fala, mas não por pedantismo ou vaidade. É que a linguagem
escrita permite o cuidado de planejar, estruturar, revisar e, com isso, há uma
maior cobrança do leitor pelas regras gramaticais sobre o texto escrito. Na
linguagem oral, mesmo em falas planejadas como aulas e palestras, certos erros
são considerados aceitáveis, como pequenos erros de concordância, falta de paralelismo,
gírias ou informalidade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Mas não é dos
erros gramaticais que vamos tratar aqui. Há uma diferença mais sutil entre o texto
escrito e o falado que às vezes não é percebido pelo aluno. As marcas de
oralidade são detalhes que cabem no texto falado, mas que tornam o texto
escrito inadequado, mesmo que não pareçam ser erros. Algumas vezes a gramática até
pode estar impecável, mas a marca de oralidade se faz presente, estragando todo
o conjunto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Mas o que
são, então, essas marcas de oralidade?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Bom… Este
texto aqui não é uma redação de vestibular, portanto eu me permito certas
liberdades que não seriam aceitas numa dissertação. Caso contrário, aquela
pergunta ali em cima já poderia ser considerada uma marca de oralidade. É uma
pergunta retórica, recurso válido numa conversa, mas que não cai bem na
redação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O aluno é
convidado a dissertar, por exemplo, sobre a pena de morte. Imaginemos então a
seguinte redação:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">No Brasil não há pena de morte. Mas por que
não podemos implantá-la aqui? Tudo começa na Constituição. De acordo com ela, a
pena de morte foi abolida no Brasil e só tem previsão de aplicação para crimes
militares em caso de guerra. Ainda assim, há protocolos bastante específicos
para seu uso. Mas, uma emenda não poderia mudar isso? Não, é uma cláusula
pétrea.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Vejam que não
há erros gramaticais evidentes no trecho acima, mas há duas perguntas
retóricas. Para quem não sabe, pergunta retórica é uma interrogação que não tem
como objetivo obter uma resposta, mas sim estimular a reflexão do individuo
sobre determinado assunto. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Embora seja
muito usada por professores e palestrantes, não é aceitável colocá-las numa
redação. A dissertação não é uma aula. É um texto escrito de formato bastante
rígido. Deve ser objetivo, e a pergunta retórica não condiz com sua estrutura.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Vejamos como
ficaria o texto sem as perguntas retóricas:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">No Brasil não há pena de morte e a
Constituição nos impede de implantá-la. De acordo com o texto da Carta Magna, a
pena de morte foi abolida no Brasil e só tem previsão de aplicação para crimes
militares em caso de guerra. Ainda assim, há protocolos bastante específicos
para seu uso. Sendo essa uma cláusula pétrea, não pode ser mudada nem por
emenda.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Percebam como
esse texto fica mais objetivo e impessoal.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Essa pessoalidade é que deve ser evitada na redação. Outra forma
parecida de se incorrer em oralidade é conversar com o leitor, tratá-lo por
você ou tu. Ao invés disso, prefira usar sujeito indeterminado ou voz passiva.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Vejamos um
exemplo, supondo que o tema seja segurança pública:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">É preciso haver maior policiamento. Você não
pode ficar à mercê dos bandidos enquanto espera um ônibus, por exemplo.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Em lugar
disso, prefira:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">É preciso haver maior policiamento. O
cidadão não pode ficar à mercê dos bandidos enquanto espera um ônibus, por exemplo.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Fácil
corrigir, certo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Um deslize
mais sutil é quando o aluno suprime trechos da frase, elementos que poderiam
ficar subentendidos numa conversa, mas que na linguagem escrita podem deixar a
frase incompleta ou até sem sentido.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Imaginemos
uma redação em que o tema seja a grande quantidade de incêndios que vêm
destruindo o patrimônio cultural do Brasil nos últimos anos:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">O incêndio no Museu da Língua Portuguesa não
causou tantas perdas porque o acervo era imaterial, informação digital que pode
ser recuperada. Já o Museu Nacional é muito grave.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Quando duas
pessoas conversam sobre esse assunto, não há dúvidas de que a intenção é dizer que O INCÊNDIO ocorrido no Museu Nacional foi muito grave. Mas na redação
isso não pode ser omitido. O aluno não pode dizer que O MUSEU É GRAVE. Isso é
marca de oralidade. O aluno pensa que se não é errado falar assim, então também
não há problema em escrever do mesmo jeito. Engana-se. É um problema, sim, e o
fará perder pontos, pois é uma característica observada pelos examinadores.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Por fim,
outra marca de oralidade bastante comum é o uso de gírias ou expressões
inadequadas. <span style="text-indent: 35.45pt;">No exemplo, pensemos
num tema como corrupção:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Percebemos, por esses dados, que os
políticos não estão nem aí para a população. Estão se lixando se as crianças
ficam sem merenda na escola, desde que o dinheiro vá encher os bolsos deles.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
“Não estão
nem aí”, “estão se lixando”, “encher os bolsos”. Evite isso tudo. Busque formas
mais impessoais de dizer a mesma coisa. Não é pra você conhecer palavras
difíceis que os professores pedem que enriqueçam o vocabulário. É
para saber como dizer a mesma coisa de outra forma, mesmo que use palavras
corriqueiras.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Percebemos, por esses dados, um completo
descaso da classe política para com o povo que supostamente representam. Não se
comovem com a falta de merenda nas escolas. O que importa para eles é continuar
desviando as verbas para seu próprio benefício.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Tem alguma
palavra difícil aí? Você precisou recorrer ao dicionário para entender o que
está escrito? Claro que não. Apenas usei um vocabulário mais rico para reescrever o trecho de forma mais formal. Podemos até imaginar
que o primeiro exemplo seja o rascunho, e que o segundo seja a versão
definitiva, passada a limpo na folha de resposta. O aluno percebeu
que estava inadequado e corrigiu a tempo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Espero ter
ajudado você a se preparar para a prova, caro leitor. Pretendo
colocar muitas dicas mais para que arrase na redação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Um grande
abraço.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Professor
Rafael.<o:p></o:p></div>
<br />Rafael B. Duartehttp://www.blogger.com/profile/14895360434666792091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-403587690602374613.post-70544699203204391272018-02-27T16:37:00.000-03:002018-02-27T16:38:00.772-03:00Orações Subordinadas não precisam ser um bicho de sete cabeças.<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Muita gente
se desespera ao deparar com certas matérias da gramática. O estudo das
orações subordinadas é um deles. Não é de se estranhar, já que nessa matéria aparecem extensas nomenclaturas que podem assustar um aluno que chegou
despreparado ao tema. Imagine você ter de classificar um período como “oração
subordinada substantiva objetiva direta reduzida de gerúndio”! A oração pode
ter duas palavras, mas seu nome tem oito. Isso pode traumatizar, mesmo, se o
professor não conduzir o aluno cuidadosamente até esse ponto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O fato é que
“orações subordinadas” não são difíceis de compreender nem de classificar. São
mesmo muito simples, e o nome extenso diz muito sobre elas, facilitando muito
sua compreensão. Apenas é preciso que o professor leve o aluno com cautela e
paciência por esse caminho cheio de nomes.<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnkPgRoctoZTl0ed_lv9ahdWBYJiZAhR6B6WkfpaN9wGZRUgCGtq6KISHL-zxszvcQbegxNIP8fuJrYOeedC481CJG6rrrV-jmpXVWZBwWcdyXICZ5UGC3s2nS0df4ht-XbbBiCdNPAxA/s1600/animal-20732_1920.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnkPgRoctoZTl0ed_lv9ahdWBYJiZAhR6B6WkfpaN9wGZRUgCGtq6KISHL-zxszvcQbegxNIP8fuJrYOeedC481CJG6rrrV-jmpXVWZBwWcdyXICZ5UGC3s2nS0df4ht-XbbBiCdNPAxA/s400/animal-20732_1920.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Uma oração
subordinada nada mais é do que um termo da oração que é substituído por outra oração. Se é uma oração, deve ter um verbo. O aluno tem de chegar a esse ponto
conhecendo bem os termos de uma oração simples: ele precisa saber com segurança
o que é sujeito, advérbio, objeto direto, objeto indireto, adjetivo,
complemento nominal, etc. Se o aluno conhecer bem esses tópicos, parte-se daí
para explicar como esses termos podem ser substituídos por orações.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Vejamos…<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
“<u>Ontem</u>,
preparei seu café da manhã.”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O termo
“ontem” é um advérbio de tempo, certo? Até aí, bem fácil! Mas o que acontece se
substituirmos esse advérbio por uma oração, isto é, um conjunto de palavras que
inclui um verbo e tem a função de advérbio de tempo? Algo mais ou menos assim:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
“Quando
cheguei, preparei seu café da manhã.”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
É aí que o
professor deve mostrar que há dois verbos na oração. Fácil identificar a oração
principal, pois ela é mais plena de sentido, enquanto a outra a complementa.
Assim, “<u>preparei</u> seu café da manhã” é a oração principal e “quando <u>cheguei</u>”
é a oração subordinada.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Então, o
aluno não terá dificuldade em perceber que a oração subordinada tem a mesma função
sintática do termo “ontem” no exemplo anterior. Portanto, a oração toda é nada
mais que um advérbio de tempo. Só nos resta, agora, dar um nome pra essa
oração. Se ela é um advérbio de tempo e também é uma oração subordinada, então
ela é uma “oração subordinada adverbial temporal”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Até aqui foi
fácil, né? Deve ter ajudado a tirar um pouco daquele temor das orações
subordinadas. Vamos complicar um pouco, só para ver que não há mistério nos
nomes tão extensos dessas orações.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Vamos alterar
ligeiramente nossa frase.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
“Ao <u>chegar</u>,
<u>preparei</u> seu café da manhã.”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Uma simples
troca de tempo verbal que torna dispensável o uso do conectivo “quando”. Mas o
sentido da oração subordinada continua sendo o mesmo, e é fácil perceber que o
que excluiu esse conectivo foi o uso do verbo no infinitivo. Portanto, essa
oração passa a ter o assustador nome de “oração subordinada adverbial temporal
reduzida de infinitivo”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Outro
exemplo:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
“Chegando em
casa, preparei seu café da manhã.”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Nem vamos
perder tempo: é uma “oração subordinada adverbial temporal reduzida de
gerúndio”. Um nome comprido (sete palavras) para uma oração tão curta (três
palavras).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Meu objetivo
neste artigo não é cobrir todas as orações subordinadas, mas oferecer ao aluno
um método de estudo que facilite a compreensão de um assunto que pode ser
traumatizante, embora não seja difícil. Se você precisa estudar orações
subordinadas, esteja bem preparado para reconhecer as funções sintáticas dos
termos da oração. Conheça primeiro os substantivos (sujeito, objeto direto, objeto
indireto, complemento nominal, predicativo e aposto), os adjetivos e os
advérbios (de causa, consequência, condição, concessão, comparação,
conformidade, finalidade, proporção e tempo).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Não se
preocupe em decorar tabelinhas dos tipos de orações subordinadas existentes.
Foque-se em saber identificá-las: separar a subordinada da principal e, depois,
classificar a subordinada de acordo com sua função. A educação, há muito que
não é feita na base da memorização. A “decoreba” já era! Apenas tenha em mente
que as orações subordinadas não são um conhecimento transcendental, oculto, ou
algo para iniciados. Apenas exigem que você conheça as funções sintáticas como
pré-requisito para estudá-las. Não digo que são fáceis, mas certamente não são
tão difíceis quanto parecem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Espero ter
colaborado para tornar esse tema mais palatável aos estudantes de gramática.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Obrigado pela
atenção e bons estudos.<o:p></o:p></div>
<br />Rafael B. Duartehttp://www.blogger.com/profile/14895360434666792091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-403587690602374613.post-59929456392967490132018-02-09T11:53:00.000-02:002018-02-09T15:04:19.992-02:00Síndrome do "Abra-te Sésamo"<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
É comum que
autores iniciantes queiram embelezar seu texto usando um linguajar com o qual
não estão acostumados, e por isso se vê muitos diálogos em segunda pessoa. Não
há nada de errado em usar essa forma se a história narrada acontece em épocas passadas,
ou em regiões nas quais normalmente as pessoas falam assim. Mas deve-se tomar
um grande cuidado para evitar um erro que chamo de “Síndrome do <i>Abra-te Sésamo</i>”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmj4mCJb7bl-Nz35Tw8xNDKH3hQEY9hmbp_OMj41cjOlFqkIFvjVUXByr4s0-0F49X7J_3vnKZa4ysZablepPXb2AcwQwJzndvfhzmqZatXzIv6H4Pg2oY_ItYFFbpNaHdMiEePg909cw/s1600/jewelry-611867.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="914" data-original-width="1600" height="227" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmj4mCJb7bl-Nz35Tw8xNDKH3hQEY9hmbp_OMj41cjOlFqkIFvjVUXByr4s0-0F49X7J_3vnKZa4ysZablepPXb2AcwQwJzndvfhzmqZatXzIv6H4Pg2oY_ItYFFbpNaHdMiEePg909cw/s400/jewelry-611867.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Se seu
personagem fala em segunda pessoa, todos os pronomes e verbos devem ser
flexionados nessa pessoa. Não se deve escrever “tu vai”, por exemplo, a não ser
que o objetivo seja, justamente, destacar que o personagem erra na
concordância. Mas não é a esse caso que me refiro. Tratarei aqui das situações
em que uma história se passa no século passado, na antiguidade clássica, em um
país estrangeiro, ou em qualquer lugar onde o uso da segunda pessoa seja
adequado para caracterizar adequadamente o local e a época da narrativa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
E o que seria
essa tal “Síndrome do <i>Abra-te Sésamo</i>”?
É o erro de concordância verbal que o autor insere sem perceber. Ali Babá não
usou a frase “Abra-te Sésamo” para abrir a caverna, nem tampouco os quarenta
ladrões. Recordemos a conjugação do verbo abrir no imperativo:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>Abre tu </b>(segunda pessoa do singular)<b><o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>Abra você </b>(terceira pessoa do singular)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>Abramos nós </b>(primeira pessoa do plural)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>Abri vós </b>(segunda pessoa do plural)<b><o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>Abram vocês </b>(terceira pessoa do plural)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Portanto, se o
pronome utilizado é “te”, deduzimos que a fala está na segunda pessoa do
singular e, nesse caso, o verbo deveria ser “abre”, e não “abra”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O correto é “Abre-te
Sésamo”; jamais “Abra-te Sésamo”. Se não for usada a concordância correta, a
caverna não se abre.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Autores
desacostumados a falar em segunda pessoa frequentemente se esquecem de
flexionar todos os verbos, deixando, volta-e-meia, em seu texto, alguns
órfãos em terceira pessoa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Vou ilustrar
isso com um exemplo. Suponhamos que um autor esteja escrevendo uma história de
piratas e o capitão está ordenando aos seus subordinados que cavem um buraco
para enterrar o baú do tesouro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
“— Cavem logo
esse buraco, seus parvos. Obedecei minhas ordens se não quiserem ter vossas
gargantas cortadas. Se não tiverdes enterrado esse baú até o meio-dia,
degolarei um de vós a cada minuto.”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Vejam que o
capitão usa a segunda pessoa do plural não por afetação ou pedantismo, mas
porque o autor escolheu essa forma como linguagem comum para os personagens devido
ao contexto histórico-geográfico. Nesse caso, não há possibilidade de trocarem
a segunda e a terceira pessoa por acidente, já que estão acostumados a falar
assim. Então, por que a primeira ordem dada pelo capitão seria “cavem”, ao
invés de “cavai”? E por que usou “quiserem” ao invés de “quiserdes”?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Esses deslizes
ocorrem com bastante frequência. A falta de uso ou o uso errado no dia-a-dia
leva os autores a descuidar da concordância. É compreensível, mas não
desculpável. Um escritor deve zelar pela coerência e pelo bom uso da língua.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Então, se sua
história demanda que os personagens usem a segunda pessoa em suas falas, lembre-se
de cuidar para que todos os verbos e pronomes estejam dessa forma. Vá além: quando
for usada a segunda pessoa do singular, lembre-se de que, no plural, também é
preciso usá-la. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Se você fica
mais à vontade usando a terceira pessoa e se sua história não precisa estar em
segunda pessoa, não há mal nenhum em usar a forma que lhe é mais familiar,
desde que zele sempre pela concordância, qualquer que seja sua escolha.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
“Abre-te
Sésamo” ou “Abra-se Sésamo”. Não há outra forma aceitável.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Use a
concordância correta e as portas da caverna se abrirão para você, revelando os
tesouros que procura.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Bons
escritos.<o:p></o:p></div>
Rafael B. Duartehttp://www.blogger.com/profile/14895360434666792091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-403587690602374613.post-19102325078185353572018-01-31T10:28:00.000-02:002018-01-31T10:48:11.651-02:00Por que erramos os "porquês"?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtkS9hriaghX-s2wqodtFPmDf0-Rq-4QgQq3_cOqjKV4CCJ7YF4Th0r4ZaBie62nSMNTGsOUYsxtQga_L0za5arKQg1CTxskdTAAEfYiKefH-fHDy7Paydo8k-447Ga2LIZ21gI73ueJY/s1600/Por+que.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1158" data-original-width="855" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtkS9hriaghX-s2wqodtFPmDf0-Rq-4QgQq3_cOqjKV4CCJ7YF4Th0r4ZaBie62nSMNTGsOUYsxtQga_L0za5arKQg1CTxskdTAAEfYiKefH-fHDy7Paydo8k-447Ga2LIZ21gI73ueJY/s400/Por+que.png" width="295" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Nos trabalhos
de revisão que faço, é muito comum eu ver, mesmo um autor experiente, usar “porque”
em lugar de “por que”. Havendo quatro formas de escrever, é comum que haja
confusão e uso trocado. Mas há regras claras e precisas para uso de cada um, e
dificilmente eu vejo erros diferentes desse: “porque” no lugar de “por
que”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
E tenho uma
teoria sobre o porquê disso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A pessoa não
lembra as regras e parte para o resumo, sem ir a fundo nos usos de cada caso.
Na maioria dos cursos, e até mesmo nos sites de gramática, o resumo que
aparece é assim:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b>Por que</b> = Usado no início das
perguntas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b>Por quê?</b> = Usado no fim das perguntas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b>Porque</b> = Usado nas respostas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b>O porquê</b> = Usado como um substantivo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O grande vilão
está em dizer que “porque” é usado nas respostas. Isso leva a pessoa a associar
que, se não há ponto de interrogação, então não é pergunta, e deve-se usar “porque”.
Mas vejam esse exemplo:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b>Eu não entendo por que você não gosta de
mim.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b>Eu não entendo porque você não gosta de
mim.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Na primeira
frase, o significado é: “Eu não entendo <b>por
qual razão</b> você não gosta de mim.”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Na segunda,
entenda-se: “Eu não entendo, <b>pois </b>você não gosta de mim.” Não faz sentido, né?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Vejam como a
falta da interrogação pode induzir ao erro. Para quem entende inglês, eu sugiro
identificar nesse idioma se a palavra usada seria “why” ou “because”. Por haver,
na língua inglesa, uma diferença fonética entre os dois termos, os falantes
desse idioma não têm dificuldades de identificar quando usar um e quando usar o
outro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Fica fácil ver
que se você usa “why”, deve traduzir para “por que” (ou “por quê” se for no
final da frase). E, obviamente, se usa “because”, então a tradução é “porque”
(esse apenas sem acento).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Além disso, há
outro caso em que se usa “por que”. É quando introduz uma oração subordinada e
pode ser substituído por “pelo qual”, “pelos quais”, “pela qual” ou “pelas
quais”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Se você está
com pressa e precisa de um resumo, melhor ignorar onde cada um é usado e
identificar que termo poderia substituí-lo. Isso evita a confusão causada por
achar que “porque” é usado quando há ponto de interrogação no fim da frase.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Assim, a
fórmula que proponho como resumo da matéria é:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoTableGrid" style="border-collapse: collapse; border: none; margin-left: 40.85pt; mso-border-insideh: none; mso-border-insidev: none; mso-padding-alt: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-yfti-tbllook: 1184;">
<tbody>
<tr>
<td style="padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 2.0cm;" valign="top" width="76"><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b>Por que</b><o:p></o:p></div>
</td>
<td style="padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 334.65pt;" valign="top" width="446"><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
pode ser substituído por “por qual razão” (seja
numa afirmação ou numa interrogação); ou<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
pode ser substituído por “pelo qual”, “pelos
quais”, “pela qual”, “pelas quais”;<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 2.0cm;" valign="top" width="76"><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b>Por quê</b><o:p></o:p></div>
</td>
<td style="padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 334.65pt;" valign="top" width="446"><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
também pode ser substituído por “por qual razão”,
mas <u>no fim da frase</u>;<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 2.0cm;" valign="top" width="76"><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b>Porque</b><o:p></o:p></div>
</td>
<td style="padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 334.65pt;" valign="top" width="446"><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
pode ser substituído por “pois”;<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 2.0cm;" valign="top" width="76"><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b>Porquê</b><o:p></o:p></div>
</td>
<td style="padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 334.65pt;" valign="top" width="446"><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
é um substantivo, o único que aceita um artigo como
em “o porquê” ou “os porquês” e pode ser substituído por “motivo”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
</td>
</tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i>Exemplos:<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b>Por que</b> fez isso comigo? <u>Por qual
razão</u> fez isso comigo? (com interrogação)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
É inexplicável
<b>por que</b> ele viajou agora. É
inexplicável <u>por qual razão</u> ele viajou agora. (Sem interrogação.)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Vou te
explicar a razão <b>por que</b> vim. Vou te
explicar a razão <u>pela qual</u> vim. (Atenção: “a razão” pode ser omitida,
ficando subentendida. Vou te explicar <b>por
que</b> vim.)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Você está
bravo assim <b>por quê</b>? Você está bravo
assim <u>por qual razão</u>? (No final da frase.)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Tirei férias <b>porque</b> estava cansado. Tirei férias, <u>pois</u>
estava cansado. (Atenção: ao substituir por “pois” é preciso acrescentar a
vírgula.)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Explique-me o <b>porquê</b> dessa burocracia toda.
Explique-me o <u>motivo</u> dessa burocracia toda. (Substantivo.)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Parece que o
resumo ficou grande, mas assim você evita muitos erros.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Espero ter
ajudado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
Rafael B. Duartehttp://www.blogger.com/profile/14895360434666792091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-403587690602374613.post-65864474266587404272017-12-06T13:56:00.000-02:002017-12-06T13:56:09.662-02:00Quando meu texto estará pronto?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEildpX_gvtgAWr7uKDr9Gj9Ssh6wPSwSeYPwVSJJD7jZxvxy8B53jZfkgYtoJuzwz2yLddc9TrOg1lQl-BWfbiSgF-P_mw6cLgmg9yHUKV0bYnoZtdpZifsvY7gMoAQxApQWp3dPymwEcI/s1600/book-730479.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1600" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEildpX_gvtgAWr7uKDr9Gj9Ssh6wPSwSeYPwVSJJD7jZxvxy8B53jZfkgYtoJuzwz2yLddc9TrOg1lQl-BWfbiSgF-P_mw6cLgmg9yHUKV0bYnoZtdpZifsvY7gMoAQxApQWp3dPymwEcI/s400/book-730479.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Nas redes
sociais há muitas páginas voltadas a escritores iniciantes onde trocam
experiências e conselhos para aprimorar a escrita. Nelas há quem peça sugestões
para elaborar personagens, outros questionam sobre soluções narrativas, ou
querem dicas de como vencer o bloqueio de escritor, e assim seguem uns ajudando
os outros.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Já respondi
algumas dessas perguntas. Recentemente, duas delas, em particular, me chamaram
a atenção, não tanto pelas dúvidas em si, mas pelas respostas que receberam.
Achei que seria útil comentar essas dúvidas, pois um conselho de alguém
inexperiente, por mais bem intencionado que seja, pode ser mais prejudicial que
benéfico.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Vejamos a
primeira questão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A pessoa que
pedia ajuda dizia ter escrito um conto que, depois de algum tempo de “descanso”,
foi revisado e, agora, poderia ser considerado praticamente pronto. Mesmo
assim, ao ler a história, o(a) autor(a) conseguia identificar algumas falhas,
mas a correção exigiria uma reescrita bastante extensa. Perguntava, então, se
deveria reescrevê-lo ou se poderia publicá-lo naquele estado, mesmo com os
problemas que tinha, reconhecendo-o como um trabalho de segunda linha.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
As respostas
que surgiram eram mais ou menos assim:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
“Se o texto
passa a emoção desejada, considere pronto. Um conto precisa ir direto ao ponto
e esses retoques alterariam a dinâmica da trama. Se fosse um texto mais longo
até haveria espaço para ajustes, mas num conto…”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
“Dê para uma
pessoa aleatória ler. Se ela achar que está bom, considere pronto, porque temos
a tendência de, a cada lida, querer mudar alguma coisa.”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O problema com
esses conselhos é que se baseiam em premissas erradas. Mesmo que você escreva por
hobby, não significa que possa abrir mão de uma atitude profissional. Se o(a)
próprio(a) autor(a) reconhece que o conto tem falhas, como pode sequer cogitar
que o conto seja liberado, publicado ou divulgado sem corrigi-las? A pergunta
já revela, em si, uma certa preguiça. A pessoa se desanimou com a necessidade
de fazer correções muito grandes no texto, porque daria muito trabalho, então
estava disposta a deixá-lo assim e aceitar que não era sua obra mais primorosa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Mas um autor
mais experiente sabe que é justamente durante as revisões que mais aprendemos. Mesmo
sendo amadores, se queremos aprender e, um dia, sermos reconhecidos pela
qualidade dos nossos textos, não podemos admitir que nosso trabalho vá a
público com erros que nós mesmos já identificamos. Já é ruim o bastante deixar
passar os erros que não vimos; muito pior é conhecê-los e não corrigi-los. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O que há de
errado, então, com as respostas que foram mencionadas acima?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Um conto
realmente exige uma objetividade maior. Mas isso não quer dizer que as falhas
possam ser negligenciadas. A dinâmica é afetada? Continue revisando. Modele
essa massa até ficar satisfeito com o resultado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
E aí entramos
na seara do segundo conselho: mostrar a uma pessoa aleatória e ver se essas
falhas são percebidas. É bem possível – e eu diria que é praticamente certo – que
esse leitor “randômico” ache o texto bom e não faça críticas a ele. Talvez não
perceba sequer as falhas que já foram vistas por quem o escreveu. Mas isso não
significa que ele esteja pronto. Isso só evidencia que o leitor médio é pouco
exigente e, principalmente, não está treinado a analisar um texto de forma
crítica, procurando as falhas e apontando-as ao(à) autor(a).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Vejamos agora
uma segunda pergunta que garimpei nas redes sociais: quando considerar o texto
pronto; quantas vezes revisar e a quem mostrar para ter uma opinião isenta?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Já ficou claro
que não devemos mostrá-lo a qualquer um. Então, a quem entregar essa importante
missão? Precisa ser uma pessoa que não tenha medo de nos apontar os erros que
não percebemos. Uma pessoa que nos diga o que precisa ser dito, e não o que
gostamos de ouvir. Nessa hora temos de estar abertos às críticas. Não queremos
que nos passem a mão na cabeça e digam: “Que lindo! Adorei.”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Onde
encontrar, então, essa pessoa? Certamente não será um parente ou amigo, que só
nos trará elogios e, quando muito, dirá se gostou ou não da história, sem ir a
fundo na gramática, na estrutura, no enredo, no ritmo, na coerência, na
adequação, nos vícios e em outras falhas comuns dos iniciantes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A pessoa escolhida,
caso você esteja realmente disposto(a) a aprender a arte da escrita e nela se
aprimorar, deve ser alguém que escreve melhor que você. Se encontrar alguém
experiência em revisão e análise crítica, como um editor ou revisor, melhor
ainda. Mas não são todos que têm a sorte de ter um parente ou conhecido com
esse perfil.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A solução para
esse impasse é contratar um profissional, e nisso pesarão os seus objetivos
pessoais. Se você só pretende publicar um blog e não tem intenção de se tornar
um escritor profissional nem quer refinar sua arte, então essa etapa é
dispensável. Aceite que seus textos serão sempre medíocres e continue fazendo
histórias que serão consumidas apenas por seu círculo de amizades.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Se, por outro
lado, você quer mesmo ser escritor e conquistar cada vez mais leitores, então
talvez deva considerar a contratação de uma pessoa que faça esse trabalho profissionalmente.
O custo desse tipo de serviço é proporcional ao tamanho do texto analisado, portanto,
se você escreve contos curtos, não vai gastar muito. O benefício para seu
aprendizado, no entanto, será imenso. Um profissional competente não só vai
apontar suas falhas e sugerir formas de corrigi-las, mas falará do texto como
um todo: conteúdo e forma. Também não temerá lhe dizer a verdade por medo de
ferir seus sentimentos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Em resumo,
quando poderemos, então, considerar que o texto está realmente pronto?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Quando ele
tiver passado pelos dois filtros: o do autor (ou autora) que o revisou até não
encontrar mais erros, e o do crítico, que apontou os erros que o(a) autor(a)
não foi capaz de ver. Como todos somos humanos, ainda poderá haver falhas, mas
esse é o mínimo que se deve fazer para considerar um texto como finalizado e
aceitável para divulgação ao público.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O importante é
que ninguém pode se considerar escritor(a) se não estiver disposto(a) a revisar
o texto antes de publicá-lo. A maior parte do trabalho de escrita é justamente
a revisão. Um texto não revisado, não é um texto, é um rascunho. E
escritores(as) de verdade não publicam rascunhos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A propósito, caso tenha interesse em contratar um serviço profissional de revisão do seu texto, pode fazer um orçamento com a <a href="http://www.oficinadoescritor.com/servicos" target="_blank">Oficina do Escritor</a>.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
Rafael B. Duartehttp://www.blogger.com/profile/14895360434666792091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-403587690602374613.post-46943581409673988272017-08-20T18:46:00.000-03:002017-08-20T18:46:46.828-03:00Dois erros comuns em relação ao corretor ortográfico<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Há dois erros
muito comuns com os quais me deparo em textos que devo revisar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZgZjGmEjSct0ax6SqbLNFzJeLMQaxzSpC-VdUhjX5-p4Gyw4zb27JIUOvEndVBGxraXBpwzyW6awVPD6h4rq-hEjiTtLVJFupgZOvrUlRdpnQKAZNfDk9Tz0jRB8vmBTnmtvSvYyivfA/s1600/Corretor.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="241" data-original-width="559" height="171" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZgZjGmEjSct0ax6SqbLNFzJeLMQaxzSpC-VdUhjX5-p4Gyw4zb27JIUOvEndVBGxraXBpwzyW6awVPD6h4rq-hEjiTtLVJFupgZOvrUlRdpnQKAZNfDk9Tz0jRB8vmBTnmtvSvYyivfA/s400/Corretor.PNG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O primeiro é
não confiar no corretor ortográfico. Não sei se o desligam para evitar as
marquinhas de correção, ou se simplesmente ignoram as palavras sublinhadas em
vermelho. É lógico que ele não é perfeito. Mas por que não usá-lo? O editor de
textos possui recursos para evitar que palavras corretas apareçam como erradas.
Se o corretor indica uma palavra que temos certeza de estar certa, basta clicar
com o botão direito sobre ela e escolher a opção de acrescentá-la ao dito <i>dicionário</i>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="text-indent: 35.45pt;">O risco de
cometer esse primeiro erro é enviar um texto cheio de palavras erradas e que,
ainda por cima, estarão em destaque no editor de textos do receptor.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O segundo
erro comum é justamente o contrário. Trata-se de confiar demais no corretor
ortográfico. É achar que ele fará todas as correções possíveis e que, ao
aceitar a sugestão de substituição em todas as palavras sublinhadas em
vermelho, não haverá mais erros. Grande engano. Isso também evidencia que a
pessoa desconhece o funcionamento do corretor ortográfico.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Esse recurso
consiste numa simples verificação das palavras digitadas contra um banco de
dados a que chamam de <i>dicionário</i>. Se
a palavra está lá, ele não a marca. Se está, ele põe um sublinhado vermelho
sinuoso sob a palavra digitada. Se, por exemplo, você escreveu “calorozamente”,
como essa palavra não consta no <i>dicionário</i>,
ela será identificada como errada. Então você poderá deixar o aplicativo substituí-lo
pela palavra sugerida – “calorosamente” –, ou apenas trocar o “z” pelo “s”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Mas há muitos
casos em que o corretor não identifica o erro da palavra, pelo simples fato de
que a palavra existe e consta do <i>dicionário</i>.
“Mas então”, você poderá se questionar, “não significa que ela está certa?”
Não. O fato de a palavra existir não significa que ela está sendo usada no
contexto correto. A palavra existe, está escrita de forma correta, mas não
deveria estar lá.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Talvez você entenda
melhor com um exemplo. As palavras “viagem” e “viajem” existem. Ambas são
corretas. A primeira é um substantivo. A segunda é o verbo viajar, na terceira
pessoa do plural, presente do subjuntivo. Portanto, se a frase for: “Espero que
façam uma boa <i>viajem</i>”, não haverá
marcação de erro, embora seja errado usar o verbo no lugar do substantivo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Enfim, apesar
de ser chamado de <i>dicionário</i>, ele é
apenas um banco de dados que confere se a palavra existe ou não. O aplicativo
não é capaz de identificar se a palavra é adequada ao contexto. Pensa que esse
é um caso atípico ou raro? Garanto que não. Veja os pares de palavras a seguir
e tente imaginar frases com essas palavras trocadas: acharam/acharão,
comeram/comerão, angústia/angustia, mágoa/magoa, calcada/calçada, ágora/agora,
específica/especifica. Esses são só alguns exemplos. Há muitos casos mais. São
palavras que, por existirem nas duas formas, o corretor não identificará como
erradas. Portanto, se for esquecido um acento ou cedilha, a frase ficará errada
e apenas uma leitura atenta poderá detectar isso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O corretor
ortográfico é só uma ferramenta para ajudar a detectar erros de digitação. Ele não
corrige seu texto. A revisão é indispensável. Não duvido que os programas
fiquem cada vez melhores e sejam cada vez mais capazes de identificar esse tipo
de erro. Mas até lá, conhecer gramática e ortografia ainda são essenciais para
quem precisa escrever um texto corretamente. <o:p></o:p></div>
Rafael B. Duartehttp://www.blogger.com/profile/14895360434666792091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-403587690602374613.post-47614505170171024322017-08-11T16:32:00.000-03:002017-08-11T16:35:01.546-03:00Núcleos e concordância<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Já ouvi ou li
muita recomendação de usar preferencialmente frases curtas para se produzir um
bom texto. Eu discordo. Muitas vezes não é tão simples resumir uma frase
complexa ou quebrá-la em períodos menores. No entanto, devo admitir que é muito
comum ver erros de concordância em frases mais longas, geralmente causados pelo
grande distanciamento entre os termos que deveriam concordar.<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqyZmmZvJxuCI6B0azgW5mppv8Wwppn4lKO-IREMSz5ZkmHhnEzKyLyRL-YCB92nUORCrS6nU13FNEZPSElRD7J-07ilZ2VsFGN5GCGNV0EogSOkqFt4oSoRCRk0nbE2XyLMkZHzwuEbc/s1600/chain-2364830.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="836" data-original-width="1600" height="208" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqyZmmZvJxuCI6B0azgW5mppv8Wwppn4lKO-IREMSz5ZkmHhnEzKyLyRL-YCB92nUORCrS6nU13FNEZPSElRD7J-07ilZ2VsFGN5GCGNV0EogSOkqFt4oSoRCRk0nbE2XyLMkZHzwuEbc/s400/chain-2364830.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O truque para
detectar esses é nos atentarmos aos núcleos do sujeito e do predicado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Num blog
sobre cinema, encontrei o seguinte trecho, que me motivou a escrever este
artigo:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="color: red;">“Tudo que os
Vingadores enfrentaram até agora os conduziram até esse momento. O destino da
Terra e a existência em si nunca estiveram mais ameaçadas.”<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="color: red;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Nos dois
casos, há erro de concordância. Um verbal e outro nominal.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Analisemos a
primeira:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="color: red;">“Tudo que os
Vingadores enfrentaram até agora os conduziram até esse momento.”<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="color: red;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O núcleo do
sujeito é <b>“tudo”</b>. Porém, nessa
frase, ele vem acompanhado de vários acessórios, ficando assim: <b>“Tudo que os Vingadores enfrentaram até
agora”</b>. Isso tudo é o sujeito. Dentro dele, ainda há uma oração subordinada
adjetiva restritiva. Essa oração restringe a palavra <b>“tudo”</b>, isto é, define que não é qualquer <b>“tudo”</b>, mas apenas o <b>“que os
Vingadores enfrentaram até agora”</b>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Acontece que
o verbo conduzir refere-se a esse núcleo do sujeito e com ele deve concordar.
Não se diz “tudo conduziram”, mas “tudo conduziu”. Portanto, a primeira frase
só ficará correta se for: <b><span style="color: blue;">“Tudo que os Vingadores enfrentaram até agora os <u>conduziu</u>
até esse momento.”</span></b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="color: blue;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Agora vamos à
segunda frase: <b><span style="color: red;">“O
destino da Terra e a existência em si nunca estiveram mais ameaçadas”</span></b>.
Neste caso temos um sujeito composto: <b>“O
destino da Terra”</b> e <b>“a existência em
si”</b>, cujos núcleos são <b>“destino”</b>
(masculino) e <b>“existência” </b>(feminino).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Quando temos
um conjunto formado de palavras masculinas e femininas, e um adjetivo comum
relacionado a essas duas palavras, esse adjetivo deve estar no masculino
plural. Portanto, <b>“destino”</b> e <b>“existência”</b> estão <b>“ameaçados”</b>. Eles não podem estar <b>“ameaçadas”</b>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Logo, a frase
escrita corretamente ficaria: <b><span style="color: blue;">“O destino da Terra e a existência em si nunca estiveram
mais <u>ameaçados</u>”</span></b>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Esses dois
erros poderiam ser evitados se fosse dada atenção ao núcleo do sujeito. Concordância
verbal e nominal não são difíceis, mas a distância entre os termos na oração
pode dificultar a identificação de quem concorda com quem.<o:p></o:p></div>
Rafael B. Duartehttp://www.blogger.com/profile/14895360434666792091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-403587690602374613.post-81900325000225862982017-07-27T09:30:00.000-03:002017-07-27T09:35:38.178-03:00A “senhorita” está em coma.<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Excepcionalmente,
publicarei este artigo nos meus dois blogs. Ele diz respeito a ambos, porque
trata de língua portuguesa e não deixa de ser um pitaco, uma opinião.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
A palavra “senhorita”
está fadada a desaparecer. Ela não tem mais sentido. Seus dias estão contados.<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiravRmcyghVn552Q2gkgahhdI-7eN-QzmAt7eOoBDKyrhT60iioTEcDLy_XWlErJf5UNcCFemXs9CPHr_ef1IO7vGVTRsZQ9fYvwa0Bgo97v0GYaeyuFt-6hjxn8PJcdOjNzY-Y5rofM/s1600/miss-american-pageant-621920.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1068" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiravRmcyghVn552Q2gkgahhdI-7eN-QzmAt7eOoBDKyrhT60iioTEcDLy_XWlErJf5UNcCFemXs9CPHr_ef1IO7vGVTRsZQ9fYvwa0Bgo97v0GYaeyuFt-6hjxn8PJcdOjNzY-Y5rofM/s400/miss-american-pageant-621920.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
E por que eu
digo isso?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Num passado
não muito remoto, o papel da mulher na sociedade era ser propriedade do homem.
A forma como isso se dava diferia de uma região pra outra. Em alguns lugares a
submissão era total. O homem fazia o que bem entendia e a mulher acatava. Silenciava,
obedecia e até apanhava. Em outros, havia uma submissão mais velada. Embora houvesse
uma aparente liberdade, elas eram educadas para cuidar da casa enquanto o homem
trabalhava. Seus brinquedos eram bonecas, fogões, pias. Quando um pouco
maiores, ajudavam a mãe a lavar a louça enquanto os meninos iam jogar bola.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O sonho
dessas mulheres era conseguir um bom casamento. Ainda assim, muitas vezes nem
eram elas que faziam a escolha. No casamento elas mudavam de dono. O pai
passava a propriedade da filha para o genro, seu novo dono. Isso ainda é
representado nas cerimônias de casamento, em que o pai conduz a noiva ao altar
e a entrega ao noivo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Mas vivemos
um tempo em que, felizmente, isso está mudando. Felizmente, porque é importante
acontecer, embora não aconteça de forma tão rápida nem fácil. O machismo e o
paternalismo ainda estão muito enraizados na cultura de homens e,
lamentavelmente, também de mulheres.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
E é nesse
ritual matrimonial que a palavra “senhorita” se manifesta. A mulher era
senhorita enquanto propriedade do pai. Como num cenário de hierarquia,
senhorita era uma posição subordinada aos pais: o senhor e a senhora. Após o
casamento, ela subia de hierarquia, supostamente no mesmo nível hierárquico do
seu marido e senhor. Friso: supostamente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Chamo ainda a
atenção para o fato de que o filho do casal, quando estes tinham um funcionário
ou empregado, era tratado por senhor. Nunca existiu um “senhorito”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
No cenário
que temos hoje, a mulher já não precisa sonhar com um casamento para ter uma
ilusória independência dos pais. Há alternativas. Há um mercado de trabalho em
que elas podem se tornar senhoras sem depender de um casamento em que apenas
transferirão a relação de dependência. E esse mercado é crescente. Antes era
limitado a magistério, enfermagem, serviços domésticos, artes e prostituição. Mais
tarde, garçonetes e comissárias. As mulheres provaram ao mundo que elas podem
ser também médicas, engenheiras, pilotas, empresárias, mecânicas, atletas,
marceneiras, tudo. Elas têm capacidade física e intelectual para exercer
qualquer ofício que desejem. Então, se ela for uma profissional solteira,
independente financeira e socialmente de seus pais, qual a finalidade de serem
chamadas de senhoritas?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Essas
mulheres são senhoras. Não por estarem ligadas a um senhor que as governe, mas
por terem autoridade sobre a própria vida, por fazerem suas escolhas sem
precisarem pedir bênçãos a ninguém.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O termo “senhorita”
está ficando restrito. Seu valor está mais atrelado à idade que ao estado
civil. Eu me recuso a chamar uma mulher independente, adulta, de senhorita,
apenas pelo fato de ela não ter se casado. Para mim, essa mulher é uma senhora.
Ela dirige a própria vida. É dona de si.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
E não vejo
por que a criança, ainda no seio familiar, precise dessa diferenciação. Se o
irmão dela é tratado por senhor (ou senhorzinho), ela bem pode ser senhora (ou
senhorinha). Afinal, em relação aos empregados da família, elas são patroazinhas
também.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Ao final, o
termo ficará moribundo, respirando por aparelhos ligados aos concursos de
beleza. E, ainda assim, em inglês, o que torna a palavra ainda mais apagada.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Descanse em
paz, “senhorita”.<o:p></o:p></div>
</div>
Rafael B. Duartehttp://www.blogger.com/profile/14895360434666792091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-403587690602374613.post-76142808276359544302017-05-29T20:40:00.000-03:002017-05-29T21:00:16.916-03:00Isto, isso ou aquilo?<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="text-indent: 35.45pt;">É muito comum
haver confusão entre esses três termos. Alguns dizem que não há diferença entre
“isto” e “isso”, mas é um equívoco: eles são, sim, diferentes, e há regras para
escolha de um ou de outro.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="text-indent: 35.45pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Para melhor
entendimento, é preciso esclarecer que esses termos pressupõem três diferentes
posições geográficas possíveis num diálogo. Chamemos de primeira posição (aqui),
aquela do interlocutor que está com a palavra. A segunda posição (aí) é a do
interlocutor que ouve, aquele que recebe a informação. A terceira posição (ali)
é qualquer lugar distante tanto do falante como do ouvinte.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Vamos
ilustrar para que fique mais claro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1Blew9gbOQunouwWgGOZ4uwlMEWjqZLpH5Q42yIpmb2VFe6yR_1BsL03_nO7c6MQQxudMWiIpH_FxuimHztzJ_b_O2kDroZJvLrupbVHbCvsbf5fC1GLGBEhpEdAR2WMjQl7HwjL_X6c/s1600/Posicoes+-+aqui+ai+e+ali.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1Blew9gbOQunouwWgGOZ4uwlMEWjqZLpH5Q42yIpmb2VFe6yR_1BsL03_nO7c6MQQxudMWiIpH_FxuimHztzJ_b_O2kDroZJvLrupbVHbCvsbf5fC1GLGBEhpEdAR2WMjQl7HwjL_X6c/s400/Posicoes+-+aqui+ai+e+ali.png" width="400" /></a></div>
<div>
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Agora,
devemos entender que o locutor que fala, o falante, é nosso ponto de referência
primário. Ele vai se referir a um objeto qualquer.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Se esse
objeto está com o próprio falante, ou seja, na posição 1, ele vai se referir ao
objeto como <u>isto</u>. Logo, ele diz <u>isto aqui</u>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Se o objeto
está próximo do ouvinte, na posição 2, o falante irá se referir a ele como <u>isso</u>,
ou seja <u>isso aí</u>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Por fim, se o
objeto está na posição 3, distante tanto do falante como do ouvinte, ele vai tratá-lo
por <u>aquilo</u>, ou <u>aquilo ali</u>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Perceba como
não faz sentido dizer "isto aí", ou "isso aqui", da mesma forma que não se diz "isso
ali", ou "aquilo aqui".<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Caetano
estava certíssimo ao cantar “Isto aqui, ô ô / é um pouquinho de Brasil iá iá”,
porque o país e o povo a que ele se referia estavam próximos dele, na posição 1,
o interlocutor falante.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Mas
identificar o uso do "isto", "isso" e "aquilo" em relação à posição geográfica é
fácil. A confusão, mesmo, ocorre quando temos de nos referir a termos da
oração, em relação a sua posição temporal.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Mas há um
truque fácil que pode simplificar tudo, e vou lhes ensinar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O objetivo
aqui é o falante apresentar ao ouvinte uma frase. Essa frase será substituída
por isso, isto ou aquilo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Pois imagine
que essa frase seja como um presente que o falante vai entregar ao ouvinte. Se
ele ainda não entregou o presente, significa que ainda está na mão dele, junto
com ele, ou seja, na posição 1, aqui.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Se ele já
entregou o presente, então a frase está com o ouvinte, na posição 2, aí.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Mas se é uma
frase que foi entregue há muito tempo e que está sendo retomada, então não está
mais com o falante nem com o ouvinte. Está na posição 3, ali.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Ficou
confuso? Não se preocupe. Com exemplos fica mais fácil.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Primeiro caso,
presente ainda não entregue.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<i>— Só vou te dizer <u>isto</u>: não confies
em ninguém.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
“Não confies
em ninguém” é o conselho que o falante dará ao ouvinte. É o presente. Mas antes
de dá-lo, ele se refere ao presente como isto, porque ainda está com ele, isto
é, na posição 1.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Agora o
segundo caso. Primeiro ele dá o presente, depois se refere a ele.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<i>— Não confies em ninguém. É <u>isso</u> que
posso te dizer.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O conselho
(presente) já havia sido entregue. Já está com o ouvinte. Portanto, na posição
2.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Para
exemplificar o terceiro caso, vou ter de fazer um diálogo um pouquinho maior.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<i>— Por que não confiaste em mim?<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<i>— Mas tu mesmo me disseste pra não confiar
em ninguém!<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<i>— Ah! Aquilo foi por impulso, no calor do
momento. Não se aplica a mim. Eu sou de confiança.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Como podem
ver, o presente (o conselho de não confiar em ninguém) já havia sido entregue
há bastante tempo. Está longe de ambos. Não está com o falante (por não ter
ainda entregue) nem com o ouvinte (por ter acabado de recebê-lo), mas em algum
lugar distante de ambos, em suas memórias. Logo, na posição 3, ali.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Raciocinando
dessa maneira fica fácil deduzir quando usar um ou outro, não é mesmo?
Lembrem-se, então, que essas regras (essas, porque já as entreguei a vocês)
também valem para outros pronomes
demonstrativos, como este/esse/aquele ou esta/essa/aquela.<o:p></o:p></div>
Rafael B. Duartehttp://www.blogger.com/profile/14895360434666792091noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-403587690602374613.post-43039445307211577522017-04-02T21:10:00.000-03:002017-04-02T21:16:45.173-03:00A Explosão de Luz e Outros Contos - Mega Oferta AmazonPromoção Mega Oferta Amazon. Meu livro por apenas R$ 1,99 no período de 3 a 9 de abril. Aproveite que o período é curto.<br />
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<br />
<a href="http://www.amazon.com/dp/B00FD8K4I2">http://www.amazon.com/dp/B00FD8K4I2</a>Rafael B. Duartehttp://www.blogger.com/profile/14895360434666792091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-403587690602374613.post-47423838709470560392017-03-27T09:28:00.001-03:002017-03-27T09:28:51.427-03:00A diferença que faz uma vírgula!<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="text-indent: 35.45pt;">Eu não uso
Twitter. Mas pelo Facebook tive contato com uma piada
originária do Twitter, através do repasse de um contato meu. A piada é essa
abaixo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXMllHEi-D1YiVZQWWzNvl-oertLAuq0JCXpeq8TaYWwHI1hjHLtczP8Wwlt-2U1XVMaVdP-MU1_EB-Zpjcrg5qZKMFd59llBmuslQNb3HpBLvGNCQ7EfIuP4ZgcNmsCtwTnRH60NCK7w/s1600/ComentarioJoliesemsutia.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="201" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXMllHEi-D1YiVZQWWzNvl-oertLAuq0JCXpeq8TaYWwHI1hjHLtczP8Wwlt-2U1XVMaVdP-MU1_EB-Zpjcrg5qZKMFd59llBmuslQNb3HpBLvGNCQ7EfIuP4ZgcNmsCtwTnRH60NCK7w/s400/ComentarioJoliesemsutia.PNG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Não tenho
intenção de ficar explicando piada. Mas como o blog é sobre gramática, vou
falar do pequeno deslize cometido na manchete.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O uso da
vírgula é muito mal empregado em qualquer rede social e não vou ficar
especulando aqui sobre a qualidade da educação. Era de se esperar, pelo menos,
que um jornalista tomasse o cuidado de usá-la corretamente. Acredito, no
entanto, que tenha sido um mero deslize e não vou condená-lo por esse erro, que
poderia ter sido cometido por qualquer um. Mas quando a mídia especializada
comete erros desse tipo, a população não perdoa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Pois bem.
Qual foi o erro, então?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O uso da
vírgula, embora na maioria das vezes siga regras bem específicas, em alguns
casos serve para evitar ambiguidade. Foi exatamente o caso na notícia acima. A
expressão “sem sutiã” na manchete, muito próxima da palavra “arcebispo”, deixa
a impressão de que o arcebispo é que estava sem sutiã. Uma vírgula depois da palavra “arcebispo” teria sugerido o
afastamento entre esses termos da oração, levando automaticamente a
identificarmos que quem estava sem sutiã era a pessoa mencionada anteriormente,
ou seja, Angelina Jolie. Vejam:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>Jolie vai a
reunião com arcebispo, sem sutiã, e vira assunto nas redes sociais.</b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Talvez pelo
contexto, a maioria dos leitores não tenha percebido a gafe, pois ninguém
esperaria que o arcebispo usasse sutiã. Numa leitura rápida, a maioria dos
leitores entendeu que era Jolie que estava sem sutiã. Mas o descuido deixou a
porta aberta para que João Luis Jr. se aproveitasse de forma genial da
situação. Numa só tacada ele tirou sarro do deslize do jornal e ainda criticou
esse policiamento exagerado que se faz sobre as menores atitudes de qualquer
celebridade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Numa breve
pesquisa no Google (usando os termos “Jolie Arcebispo sem sutiã”) podemos ver
que outros jornais usaram estratégias para fugir dessa pegadinha ao dar a mesma
notícia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O <i>Observatório do Cinema</i> escreveu: “Sem
sutiã, Angelina Jolie vai a reunião com arcebispo e causa polêmica”. <i>O Fuxico</i> fez manchete parecida: “Sem
sutiã, Angelina Jolie encontra arcebispo e vira assunto na web”. Ambos
escaparam de forma elegante, aproximando a expressão daquela a quem se referia.
<i>O Catraca Livre</i> escreveu: “Angelina
Jolie causa polêmica por ir a reunião sem sutiã”, excluindo o arcebispo da
frase por garantia. <i>Metropoles</i>
resolve mudar a posição da expressão e também evita a ambiguidade ao redigir a
manchete da seguinte forma: “Angelina Jolie vai sem sutiã a reunião com
arcebispo e é criticada”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="text-indent: 35.45pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="text-indent: 35.45pt;">Até o momento
em que escrevi isso, ninguém tinha alterado as manchetes dos sites. Nem há
necessidade. Essa correção seria adequada a uma notícia com erros crassos de
veracidade. Mas um deslize tão pequeno não merece tanta atenção para ser
corrigido, assim como a própria notícia não merecia atenção para ser veiculada.
Afinal, o próprio arcebispo nem tocou no assunto e só elogiou a atriz, dizendo
ter sido um privilégio recebê-la.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<o:p></o:p></div>
Rafael B. Duartehttp://www.blogger.com/profile/14895360434666792091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-403587690602374613.post-10465459586396592782017-03-14T16:08:00.001-03:002017-03-14T16:11:14.440-03:00Discurso Indireto Livre<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Numa história
há três tipos de discurso.<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhED0sDC-v7Wk6RVTD870fNbXiED_jsR_Fm9wCm9CaLYNx4_JiiuTrmKXeFnLnFKoM8MwpWLdjIxouYziqT2tWd1BjOhH-fnIf1sOW97tS4zEkESgTWVE8znajiDi0su5X65-DLt3yHgsI/s1600/thinking-304269_640.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhED0sDC-v7Wk6RVTD870fNbXiED_jsR_Fm9wCm9CaLYNx4_JiiuTrmKXeFnLnFKoM8MwpWLdjIxouYziqT2tWd1BjOhH-fnIf1sOW97tS4zEkESgTWVE8znajiDi0su5X65-DLt3yHgsI/s200/thinking-304269_640.png" width="168" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-left: 53.45pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]-->1)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span>O discurso direto, em que o narrador reproduz a
fala do personagem usando aspas ou travessões, como neste exemplo:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>João se dirigiu a recepcionista:<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><i>—Por
favor, em que andar é a sala do Dr. Coutinho?<o:p></o:p></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-left: 53.45pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]-->2)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;"> </span>O discurso indireto, em que o próprio narrador
menciona qual foi a fala do personagem:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>João se dirigiu à recepcionista e <i>perguntou em que andar ficava a sala do Dr.
Coutinho</i>.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Quando se usa
um e quando se usa o outro?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Normalmente
quando se inicia um diálogo, ou onde as falas dos personagens são longas, usar
o discurso direto é mais adequado. Deixa-se o discurso indireto, então, para
pequenas falas entremeadas na narrativa, como no exemplo dado. Não há por que
criar uma introdução para um diálogo apenas para uma curta fala. Vejam.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>Naquela manhã João estava disposto a
resolver algumas pendências que vinha adiando. Em primeiro lugar iria ao
dentista. Apesar de não estar sentindo dor, já havia passado da hora de fazer
um exame de rotina e uma profilaxia.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>Chegou ao edifício, dirigiu-se a
recepcionista, <i>perguntou em que andar
ficava a sala do Dr. Coutinho</i> e entrou no elevador.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>Na sala de espera puxou o celular para ver
se havia alguma mensagem. Como não havia nada, foi até a mesa de centro
procurar alguma leitura pra passar o tempo. Mas era difícil achar algo de seu
agrado. A maioria das revistas eram sobre odontologia.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Caso fôssemos
usar o discurso direto no trecho acima, haveria uma desnecessária quebra de
ritmo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>Naquela manhã João estava disposto a
resolver algumas pendências que vinha adiando. Em primeiro lugar iria ao
dentista. Apesar de não estar sentindo dor, já havia passado da hora de fazer
um exame de rotina e uma profilaxia.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>Chegou ao edifício, dirigiu-se a
recepcionista e perguntou:<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><i>—Por
favor, em que andar é a sala do Dr. Coutinho?<o:p></o:p></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>De posse da informação, entrou no elevador.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>Na sala de espera puxou o celular para ver
se havia alguma mensagem. Como não havia nada, foi até a mesa de centro
procurar alguma leitura pra passar o tempo. Mas era difícil achar algo de seu
agrado. A maioria das revistas eram sobre odontologia.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Mas o formato
de discurso mais interessante, na minha opinião, é o:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-left: 53.45pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]-->3)<span style="font-size: xx-small;"> </span>Discurso indireto livre. Esse tipo de narrativa
não se enquadra nos casos descritos acima. Ele é um recurso muito valioso que
permite ao narrador entrar na consciência do personagem, provocando uma maior
empatia com o leitor ao revelar sua forma de pensar, sua linha de raciocínio.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Embora não
seja um recurso fácil de usar, quando bem aproveitado enriquece muito o texto.
É uma arma poderosa do escritor para cativar o leitor. O trecho abaixo é
retirado do livro “A Guerra dos Tronos”, página 12:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>Will viu movimento com o canto do olho.
Sombras pálidas que deslizavam pela floresta. Virou a cabeça, viu de relance
uma sombra branca na escuridão. Logo depois ela desapareceu. Galhos agitaram-se
gentilmente ao vento, coçando uns aos outros com dedos de madeira. Will abriu a
boca para gritar um aviso, mas as palavras pareceram congelar na garganta. <span style="color: red;">Talvez estivesse errado. Talvez tivesse sido apenas uma ave,
um reflexo na neve, um truque qualquer do luar. Afinal, o que vira?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>—Will, onde está? — chamou Sor Waymar. — Vê alguma coisa? — o
homem descrevia um círculo lento, cauteloso, de espada na mão. <span style="color: red;">Deve tê-los pressentido, tal como Will os pressentia.</span>
Nada havia para ver. — Responda! Por que está tão frio?<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Os trechos em
vermelho são discurso indireto livre. Vejam como ele dispensa uma explicação. O
autor não usa verbos para descrever que se tratam de pensamentos do personagem.
Ele não diz: “Pensou que talvez estivesse errado. Imaginou se não teria sido
uma ave, um reflexo na neve ou um truque qualquer do luar. Indagava-se o que
teria visto, afinal.” Isso estragaria todo o texto. O discurso indireto livre
segue fluido como uma fala do narrador que, naquele momento, incorpora o personagem
e expõe suas ideias ao leitor. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Repito. É um
recurso belo e muito poderoso. Deve ser usado com parcimônia e cuidado. Há
momentos certos para sua aplicação num texto, e serve justamente para criar
esse elo que prende o leitor, trazendo-o para dentro da história, fazendo-o
sentir as mesmas emoções e sensações que o herói ou vilão sente.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Preste
atenção no emprego desse recurso em suas próximas leituras. É fácil encontrar
esse tipo de construção nos bons escritores. É uma ferramenta clássica e pode
ser encontrado em autores de todas as épocas. Tente colocá-lo em seus próprios
textos e veja se o efeito não é arrebatador. Você nunca mais abrirá mão dele.<o:p></o:p></div>
Rafael B. Duartehttp://www.blogger.com/profile/14895360434666792091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-403587690602374613.post-42781292246216353202017-03-07T15:05:00.000-03:002017-03-07T15:07:56.426-03:00Quer ser escritor? Escreva.<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfDj7jN2vRD4aB_dHv_Hg_bzv-qkEsJqRtJhSRuR2vsGc-06xhVPsP1zqf-vwVVhXEpre1Tw848YHG4jFMjezRDvg0ZIcQqN-vIqLpFSGjdcAuLgPMSFr4aNhDb39hEC54vTd-TjDgzBY/s1600/abrev.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="97" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfDj7jN2vRD4aB_dHv_Hg_bzv-qkEsJqRtJhSRuR2vsGc-06xhVPsP1zqf-vwVVhXEpre1Tw848YHG4jFMjezRDvg0ZIcQqN-vIqLpFSGjdcAuLgPMSFr4aNhDb39hEC54vTd-TjDgzBY/s200/abrev.png" width="200" /></a>Você que
acompanha este blog deve estar interessado no que ele promete: ajudar você a
escrever melhor. Já deve ter ouvido muito que pra ser um bom escritor é preciso
ler muito. Não discordo dessa afirmação, mas não é lendo muito que você vai se
tornar um bom escritor. É escrevendo muito. E melhorando a escrita a cada frase
nova.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Você não acha
que assistindo a todos os jogos de futebol transmitidos na TV você vai se
tornar um grande jogador profissional, acha? Pois tenho uma novidade para você:
se ler muito, também não vai se tornar escritor. Vai se tornar um leitor.
Talvez um crítico.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Como toda
habilidade no mundo, o aprimoramento vem da prática constante. Quer ter
músculos? Exercite-os na academia. Quer aprender inglês? Procure com quem falar
em inglês. Quer ser jogador de xadrez? Jogue xadrez. Parece óbvio, mas ficaria
surpreso em ver o quanto eu encontro de gente por aí que se acha bom escritor e
não sabe concordância, esquece de usar vírgulas e acha a crase uma coisa de
outro mundo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
“Mas como vou
escrever mais e melhor?” — Você me pergunta.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O seu
dia-a-dia está repleto de oportunidades para escrever. Use-as. Duvido que você
não passe diversas horas escrevendo no WhatsApp. Ou no Facebook. Um bom começo
é abolir as abomináveis e aberrantes abreviações (aliteração proposital para
chamar sua atenção) que se costuma usar nas redes sociais. Jogue fora o “vc”, o
“td” o “kd”, o “flw”, o “vlw” e outros horrores comuns de se ver por aí.
Aproveite o embalo e use pontuação. Construa frases completas. Não fique
tentado a responder apenas “S” ou “Sim.” Escreva: “É claro que eu vou à festa.
Não a perderia por nada desse mundo.”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Sabe o que
vai acontecer quando você fizer isso? Seu teclado vai aprender um novo
vocabulário e você pode chegar a escrever mais rápido no celular do que no
computador, que não conta com esse recurso. “Hein? Como assim?” Se você ainda
não sabe, o teclado do seu celular vai aprendendo com a sua digitação. De onde
você acha que vêm aquelas palavras que ele sugere quando você digita as
primeiras letras de uma palavra? Por que quando você digita “ca...” ele sugere “casa”
ao invés de “calango” ou “capivara”? Porque você digita com muito mais
frequência a palavra “casa” do que as outras duas. Esse é só um dos benefícios
de se escrever corretamente: ensinar seu telefone a ser verdadeiramente esperto
(smart).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Assim como
seu telefone, seu cérebro também irá aprender. Com essa prática você começará a
cometer menos erros, aprenderá vocabulário e melhorará a capacidade de se fazer
entender. E não só na internet!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Além das
redes sociais e comunicadores instantâneos, atente-se à forma como escreve na
escola ou no trabalho. Vai passar um bilhete para a crush? Capriche na escrita
e aumente suas chances de receber um sorriso de volta. Vai deixar um recado
para o chefe? Clareza é fundamental.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Lógico que
isso não é o suficiente. Como eu disse, é só um começo, mas um bom começo! Para
ser escritor (ou jornalista, ou publicitário) você tem de produzir também
material da sua área. Escreva contos, escreva slogans, escreva notícias.
Procure profissionais experientes da área que possam fazer uma leitura crítica
dos seus escritos. Caso não conheça alguém que se voluntarie, saiba que existem
profissionais que fazem leitura crítica mediante pagamento. Dependendo do seu
caso, pode valer a pena. Pense nisso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
E,
finalmente, leia muito. Não deixe de ler. Verá que, aos poucos, a sua leitura ficará
mais crítica e você não só aprenderá técnicas usadas pelos seus autores
preferidos, mas também encontrará erros e deslizes em coisas que encontra por
aí. E não estou me referindo ao cartaz na porta da borracharia, não, mas a
manchetes de jornais conceituados e publicidades de artigos caros. Ou você acha
que eles também não cometem erros?</div>
<o:p></o:p>Rafael B. Duartehttp://www.blogger.com/profile/14895360434666792091noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-403587690602374613.post-88885207909080793072017-03-03T14:01:00.002-03:002017-03-03T15:18:17.788-03:00Chorando se foi a Regência Verbal<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBSmuLCHRiEHDNoAA1rJ8ydFsmBKqtZMXb7ZikCVNbfwv9BTbuTc1ip6FSG1XU69MX7ptDapzkCwf5lNBSg0cKnkgLMLKmb0EV5nJONJaaUS9X7iXXBIbHLOWZHaMDQ0zCoLQLcyKvWNM/s1600/coroa-keep-calm.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBSmuLCHRiEHDNoAA1rJ8ydFsmBKqtZMXb7ZikCVNbfwv9BTbuTc1ip6FSG1XU69MX7ptDapzkCwf5lNBSg0cKnkgLMLKmb0EV5nJONJaaUS9X7iXXBIbHLOWZHaMDQ0zCoLQLcyKvWNM/s200/coroa-keep-calm.png" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Um erro muito comum, que me
incomoda, mas que parece não receber a devida atenção no meio acadêmico, é o
erro de regência verbal. Quando a frase é direta, é fácil perceber o erro. O
problema é que, em orações subordinadas, quando o objeto é substituído por uma
oração, o erro de regência parece se ocultar na complexidade da frase.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Vejamos um exemplo bem cotidiano
para ilustrar o que eu digo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
“Ela gosta do rapaz.”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
O verbo “gostar” exige a
preposição “de” e acho que mesmo quem não é muito fã de gramática jamais diria
“Ela gosta o rapaz”. Essa é uma frase simples, direta, de uma única oração.
Agora vejamos o que acontece quando colocamos essa oração como subordinada de
outra.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
“Esse é o rapaz que ela gosta.”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Temos dois verbos nessa frase,
portanto duas orações. O verbo “ser” em “esse é o rapaz”, e o verbo gostar em
“que ela gosta”. O problema é que a construção dessa frase está errada. E o
erro está justamente na regência verbal do verbo gostar. Ele é transitivo
indireto e sabemos que ele exige o “de”, como já dissemos mais acima. A oração
“que ela gosta” é uma oração subordinada adjetiva restritiva. Ela faz o papel
de um adjetivo que qualifica e restringe a palavra “rapaz”. Esse não é qualquer
rapaz. É um rapaz especial. O pronome
“que” nessa oração tem a finalidade de evitar a repetição da palavra “rapaz”.
Separando as orações e substituindo “que” por “rapaz”, a segunda oração ficaria
“ela gosta o rapaz” ficando assim evidenciado o erro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
A construção correta dessa frase
seria, então: “Esse é o rapaz de que ela gosta.”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Esse é um erro muito comum que é
fácil de ser encontrado em letras de músicas, campanhas publicitárias,
manchetes e notícias de jornal. Basta estar atento. Na minha opinião, isso
evidencia o descuido com que esse tema é tratado nas aulas de gramática. Como
pode um publicitário ou jornalista cometer um erro desses?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Veja o exemplo de uma canção que
fez muito sucesso um tempo atrás.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
“Chorando se foi quem um dia só
me fez chorar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Chorando estará ao lembrar de um
amor que um dia não soube cuidar.”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Você, leitor, sabe me apontar
onde está o erro de regência verbal? Depois da explicação acima fica fácil
percebê-lo, não é?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Então, se você ama o português
como eu, não vai deixar passar esse tipo de erro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
Mostre pra mim que você está
atento. Comente sobre outros erros semelhantes de regência verbal encontrados
por você em músicas, notícias ou campanhas publicitárias.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.45pt;">
<o:p></o:p></div>
Rafael B. Duartehttp://www.blogger.com/profile/14895360434666792091noreply@blogger.com0