É muito comum
haver confusão entre esses três termos. Alguns dizem que não há diferença entre
“isto” e “isso”, mas é um equívoco: eles são, sim, diferentes, e há regras para
escolha de um ou de outro.
Para melhor
entendimento, é preciso esclarecer que esses termos pressupõem três diferentes
posições geográficas possíveis num diálogo. Chamemos de primeira posição (aqui),
aquela do interlocutor que está com a palavra. A segunda posição (aí) é a do
interlocutor que ouve, aquele que recebe a informação. A terceira posição (ali)
é qualquer lugar distante tanto do falante como do ouvinte.
Vamos
ilustrar para que fique mais claro.
Agora,
devemos entender que o locutor que fala, o falante, é nosso ponto de referência
primário. Ele vai se referir a um objeto qualquer.
Se esse
objeto está com o próprio falante, ou seja, na posição 1, ele vai se referir ao
objeto como isto. Logo, ele diz isto aqui.
Se o objeto
está próximo do ouvinte, na posição 2, o falante irá se referir a ele como isso,
ou seja isso aí.
Por fim, se o
objeto está na posição 3, distante tanto do falante como do ouvinte, ele vai tratá-lo
por aquilo, ou aquilo ali.
Perceba como
não faz sentido dizer "isto aí", ou "isso aqui", da mesma forma que não se diz "isso
ali", ou "aquilo aqui".
Caetano
estava certíssimo ao cantar “Isto aqui, ô ô / é um pouquinho de Brasil iá iá”,
porque o país e o povo a que ele se referia estavam próximos dele, na posição 1,
o interlocutor falante.
Mas
identificar o uso do "isto", "isso" e "aquilo" em relação à posição geográfica é
fácil. A confusão, mesmo, ocorre quando temos de nos referir a termos da
oração, em relação a sua posição temporal.
Mas há um
truque fácil que pode simplificar tudo, e vou lhes ensinar.
O objetivo
aqui é o falante apresentar ao ouvinte uma frase. Essa frase será substituída
por isso, isto ou aquilo.
Pois imagine
que essa frase seja como um presente que o falante vai entregar ao ouvinte. Se
ele ainda não entregou o presente, significa que ainda está na mão dele, junto
com ele, ou seja, na posição 1, aqui.
Se ele já
entregou o presente, então a frase está com o ouvinte, na posição 2, aí.
Mas se é uma
frase que foi entregue há muito tempo e que está sendo retomada, então não está
mais com o falante nem com o ouvinte. Está na posição 3, ali.
Ficou
confuso? Não se preocupe. Com exemplos fica mais fácil.
Primeiro caso,
presente ainda não entregue.
— Só vou te dizer isto: não confies
em ninguém.
“Não confies
em ninguém” é o conselho que o falante dará ao ouvinte. É o presente. Mas antes
de dá-lo, ele se refere ao presente como isto, porque ainda está com ele, isto
é, na posição 1.
Agora o
segundo caso. Primeiro ele dá o presente, depois se refere a ele.
— Não confies em ninguém. É isso que
posso te dizer.
O conselho
(presente) já havia sido entregue. Já está com o ouvinte. Portanto, na posição
2.
Para
exemplificar o terceiro caso, vou ter de fazer um diálogo um pouquinho maior.
— Por que não confiaste em mim?
— Mas tu mesmo me disseste pra não confiar
em ninguém!
— Ah! Aquilo foi por impulso, no calor do
momento. Não se aplica a mim. Eu sou de confiança.
Como podem
ver, o presente (o conselho de não confiar em ninguém) já havia sido entregue
há bastante tempo. Está longe de ambos. Não está com o falante (por não ter
ainda entregue) nem com o ouvinte (por ter acabado de recebê-lo), mas em algum
lugar distante de ambos, em suas memórias. Logo, na posição 3, ali.
Raciocinando
dessa maneira fica fácil deduzir quando usar um ou outro, não é mesmo?
Lembrem-se, então, que essas regras (essas, porque já as entreguei a vocês)
também valem para outros pronomes
demonstrativos, como este/esse/aquele ou esta/essa/aquela.