Há dois erros
muito comuns com os quais me deparo em textos que devo revisar.
O primeiro é
não confiar no corretor ortográfico. Não sei se o desligam para evitar as
marquinhas de correção, ou se simplesmente ignoram as palavras sublinhadas em
vermelho. É lógico que ele não é perfeito. Mas por que não usá-lo? O editor de
textos possui recursos para evitar que palavras corretas apareçam como erradas.
Se o corretor indica uma palavra que temos certeza de estar certa, basta clicar
com o botão direito sobre ela e escolher a opção de acrescentá-la ao dito dicionário.
O risco de
cometer esse primeiro erro é enviar um texto cheio de palavras erradas e que,
ainda por cima, estarão em destaque no editor de textos do receptor.
O segundo
erro comum é justamente o contrário. Trata-se de confiar demais no corretor
ortográfico. É achar que ele fará todas as correções possíveis e que, ao
aceitar a sugestão de substituição em todas as palavras sublinhadas em
vermelho, não haverá mais erros. Grande engano. Isso também evidencia que a
pessoa desconhece o funcionamento do corretor ortográfico.
Esse recurso
consiste numa simples verificação das palavras digitadas contra um banco de
dados a que chamam de dicionário. Se
a palavra está lá, ele não a marca. Se está, ele põe um sublinhado vermelho
sinuoso sob a palavra digitada. Se, por exemplo, você escreveu “calorozamente”,
como essa palavra não consta no dicionário,
ela será identificada como errada. Então você poderá deixar o aplicativo substituí-lo
pela palavra sugerida – “calorosamente” –, ou apenas trocar o “z” pelo “s”.
Mas há muitos
casos em que o corretor não identifica o erro da palavra, pelo simples fato de
que a palavra existe e consta do dicionário.
“Mas então”, você poderá se questionar, “não significa que ela está certa?”
Não. O fato de a palavra existir não significa que ela está sendo usada no
contexto correto. A palavra existe, está escrita de forma correta, mas não
deveria estar lá.
Talvez você entenda
melhor com um exemplo. As palavras “viagem” e “viajem” existem. Ambas são
corretas. A primeira é um substantivo. A segunda é o verbo viajar, na terceira
pessoa do plural, presente do subjuntivo. Portanto, se a frase for: “Espero que
façam uma boa viajem”, não haverá
marcação de erro, embora seja errado usar o verbo no lugar do substantivo.
Enfim, apesar
de ser chamado de dicionário, ele é
apenas um banco de dados que confere se a palavra existe ou não. O aplicativo
não é capaz de identificar se a palavra é adequada ao contexto. Pensa que esse
é um caso atípico ou raro? Garanto que não. Veja os pares de palavras a seguir
e tente imaginar frases com essas palavras trocadas: acharam/acharão,
comeram/comerão, angústia/angustia, mágoa/magoa, calcada/calçada, ágora/agora,
específica/especifica. Esses são só alguns exemplos. Há muitos casos mais. São
palavras que, por existirem nas duas formas, o corretor não identificará como
erradas. Portanto, se for esquecido um acento ou cedilha, a frase ficará errada
e apenas uma leitura atenta poderá detectar isso.
O corretor
ortográfico é só uma ferramenta para ajudar a detectar erros de digitação. Ele não
corrige seu texto. A revisão é indispensável. Não duvido que os programas
fiquem cada vez melhores e sejam cada vez mais capazes de identificar esse tipo
de erro. Mas até lá, conhecer gramática e ortografia ainda são essenciais para
quem precisa escrever um texto corretamente.