terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Orações Subordinadas não precisam ser um bicho de sete cabeças.


Muita gente se desespera ao deparar com certas matérias da gramática. O estudo das orações subordinadas é um deles. Não é de se estranhar, já que nessa matéria aparecem extensas nomenclaturas que podem assustar um aluno que chegou despreparado ao tema. Imagine você ter de classificar um período como “oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de gerúndio”! A oração pode ter duas palavras, mas seu nome tem oito. Isso pode traumatizar, mesmo, se o professor não conduzir o aluno cuidadosamente até esse ponto.

O fato é que “orações subordinadas” não são difíceis de compreender nem de classificar. São mesmo muito simples, e o nome extenso diz muito sobre elas, facilitando muito sua compreensão. Apenas é preciso que o professor leve o aluno com cautela e paciência por esse caminho cheio de nomes.

Uma oração subordinada nada mais é do que um termo da oração que é substituído por outra oração. Se é uma oração, deve ter um verbo. O aluno tem de chegar a esse ponto conhecendo bem os termos de uma oração simples: ele precisa saber com segurança o que é sujeito, advérbio, objeto direto, objeto indireto, adjetivo, complemento nominal, etc. Se o aluno conhecer bem esses tópicos, parte-se daí para explicar como esses termos podem ser substituídos por orações.

Vejamos…

Ontem, preparei seu café da manhã.”

O termo “ontem” é um advérbio de tempo, certo? Até aí, bem fácil! Mas o que acontece se substituirmos esse advérbio por uma oração, isto é, um conjunto de palavras que inclui um verbo e tem a função de advérbio de tempo? Algo mais ou menos assim:

“Quando cheguei, preparei seu café da manhã.”

É aí que o professor deve mostrar que há dois verbos na oração. Fácil identificar a oração principal, pois ela é mais plena de sentido, enquanto a outra a complementa. Assim, “preparei seu café da manhã” é a oração principal e “quando cheguei” é a oração subordinada.

Então, o aluno não terá dificuldade em perceber que a oração subordinada tem a mesma função sintática do termo “ontem” no exemplo anterior. Portanto, a oração toda é nada mais que um advérbio de tempo. Só nos resta, agora, dar um nome pra essa oração. Se ela é um advérbio de tempo e também é uma oração subordinada, então ela é uma “oração subordinada adverbial temporal”.

Até aqui foi fácil, né? Deve ter ajudado a tirar um pouco daquele temor das orações subordinadas. Vamos complicar um pouco, só para ver que não há mistério nos nomes tão extensos dessas orações.

Vamos alterar ligeiramente nossa frase.

“Ao chegar, preparei seu café da manhã.”

Uma simples troca de tempo verbal que torna dispensável o uso do conectivo “quando”. Mas o sentido da oração subordinada continua sendo o mesmo, e é fácil perceber que o que excluiu esse conectivo foi o uso do verbo no infinitivo. Portanto, essa oração passa a ter o assustador nome de “oração subordinada adverbial temporal reduzida de infinitivo”.

Outro exemplo:

“Chegando em casa, preparei seu café da manhã.”

Nem vamos perder tempo: é uma “oração subordinada adverbial temporal reduzida de gerúndio”. Um nome comprido (sete palavras) para uma oração tão curta (três palavras).

Meu objetivo neste artigo não é cobrir todas as orações subordinadas, mas oferecer ao aluno um método de estudo que facilite a compreensão de um assunto que pode ser traumatizante, embora não seja difícil. Se você precisa estudar orações subordinadas, esteja bem preparado para reconhecer as funções sintáticas dos termos da oração. Conheça primeiro os substantivos (sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo e aposto), os adjetivos e os advérbios (de causa, consequência, condição, concessão, comparação, conformidade, finalidade, proporção e tempo).

Não se preocupe em decorar tabelinhas dos tipos de orações subordinadas existentes. Foque-se em saber identificá-las: separar a subordinada da principal e, depois, classificar a subordinada de acordo com sua função. A educação, há muito que não é feita na base da memorização. A “decoreba” já era! Apenas tenha em mente que as orações subordinadas não são um conhecimento transcendental, oculto, ou algo para iniciados. Apenas exigem que você conheça as funções sintáticas como pré-requisito para estudá-las. Não digo que são fáceis, mas certamente não são tão difíceis quanto parecem.

Espero ter colaborado para tornar esse tema mais palatável aos estudantes de gramática.

Obrigado pela atenção e bons estudos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário